Venho tentando trazer contribuições acadêmicas para propostas e debates das TIC’s nas salas de aula desde 2014, quando propus uma formação básica de imersão dos professores imigrantes digitais e assinalei sobre a necessidade de desenvolver uma nova linguagem didática para que as TIC’s não fossem sazonais e nem tangenciada nos processos de aprendizagem, mas que fossem integrantes durante todo o processo pedagógico. Esta discussão ficou registrada no Trabalho de Conclusão de Curso de uma especialização e foi publicada para disposição dos que pudessem estar na mesma empreitada acadêmica ou técnica (https://doi.org/10.47820/recima21.v1i1.240), mas que trago como um ponto de debate, acreditando ser relevante para nossos tempos de cultura digital.
O primeiro ponto de debate refere-se ao uso das altas Tecnologias da Informação (TI) sem que estas sejam também de Comunicação. Neste instante, exemplifico o uso do projetor multimídia como repetidor tecnológico do que se faria na lousa de giz (ou pilot) caso este recurso não privilegie igualmente a Comunicação por meio da conexão com a internet. Com isso nos implicamos com a necessidade de chamar de TIC’s apenas as tecnologias que estejam conectadas e se comunicando, e, neste caso, para construção e divulgação do conhecimento.
Este ponto se liga na segunda discussão no qual tento implicar o lugar do professor, pois estando a informação ao alcance de todos os personagens de uma sala de aula através das tecnologias conectadas, logo, o professor não precisa estar no lugar de um repositório do saber, mas certamente é àquele que conhece todas as formas de mídias e consegue mediar seu uso e comunicação para que isso se torne instrumento pedagógico.
Para novas discussões e novas contribuições para a construção de uma sala de aula conectada, pesquisei as crenças de professores da educação básica sobre o uso das TIC’s com o objetivo de conhecer quais são as configurações psicológicas dos professores para aderir ou rejeitar as TIC’s nas salas de aulas. Tendo pesquisado os professores do Rio de Janeiro e obtido uma amostra com 95% de confiabilidade, aplicamos dois instrumentos que, através de análises estatísticas, possibilitou verificar que quanto mais o docente tem rejeição ao aluno e adesão à didática formal, mais tende excluir as TIC’s da sala de aula; e, ao contrário, também seria verdadeiro. Esta pesquisa foi publicada em livro e registrado no (https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=7755998).
A partir deste novo trabalho, retornamos a discussão da necessidade da nova linguagem didática, do lugar do professor, das tecnologias conectadas à internet e facilitadora de comunicação e das novidades da sociedade do conhecimento. Também acrescentamos outros novos pontos de debates: existem crenças psicológicas que motivam ao professor em excluir as altas tecnologias da sala de aula, sendo assim, encontros que possibilitem a reflexão sobre a didática formal não ser condizente nem com os postulados de Comenius, pai da Pedagogia Moderna, e que não contribuem o desenvolvimento e das novas habilidades e competências necessárias aos cidadãos modernos que estão cada vez mais imersos nas tecnologias e que necessitarão refletir sobre como exercer a criticidade neste ambiente.
Existem novos caminhos que ainda precisam ser percorridos que diz respeito neste letramento didático do professor nas múltiplas mídias, na postura diante do alunado e do saber, principalmente em tomar consciência de que a rigidez da sustentação e do uso da didática formal em tempos de uma sociedade digital e conectada pode ser a maior causa de adoecimento psíquico destes profissionais.
Diogo Bonioli
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